terça-feira, 9 de março de 2010

Podemos viajar ao Futuro?

Talvez uma boa parcela das pessoas, nunca tenham se dado conta que ao observarem as estrelas, estão, na verdade, testemunhando e presenciando o passado.

É quase certo que a grande maioria das pessoas, já tenham, em algum momento, observado Alnitak, Alnilam e Mintaka, vulgarmente conhecidas como as “Três Marias”, que integram a Constelação de Orion, assim como Betelgeuse, Rigel e outras. No entanto, poucas pessoas sabem que a luz de Betelgeuse leva 275 anos para atingir a Terra. Rigel, está ainda mais distante à 540 anos luz da Terra.

Em suma, isso quer dizer que quando olhamos para as estrelas, estamos na realidade vendo-as como eram, e o nosso “Agora”, não é o mesmo “Agora” de Betelgeuse ou Rigel. Se por alguma razão, Rigel deixasse de existir, somente tomaríamos conhecimento de seu triste destino daqui a 540 anos.

Esse simples fato, já é por si só, suficiente para exemplificar, a completa impossibilidade de dissociação entre o espaço e o tempo. O mesmo princípio aplica-se as pessoas e aos objetos, que devem ser considerados como existindo (no mínimo) em 4 dimensões: Largura, Espessura, Comprimento e Tempo. “Mas para captar a noção de Tempo é essencial compreender que o Tempo não se escoa. É a matéria e a consciência que se movem através do Espaço-tempo.”

Todos sabemos que a duração do dia é determinada pela velocidade de rotação da Terra em torno se seu eixo, e que uma hora representa um arco de 15 graus na rotação diária da Terra.

Porém, eventualmente podemos “compreender” o tempo de formas diferentes, variando sua percepção ao sabor das circunstâncias. Algumas vezes temos a impressão que o Tempo “passa” mais lentamente, outras vezes, o Tempo parece “fluir” mais rapidamente, mas certamente, essas impressões são de ordem meramente psicológica.

A rápida passagem do Tempo durante os sonhos é outro estranho fenômeno psicológico que carece de um estudo mais aprofundado. Podemos também constatar que o Tempo “passa” mais devagar para um grupo de pessoas que se vejam privadas dos estímulos relativos aos ciclos naturais do alvorecer, entardecer e do anoitecer, como se verifica com freqüência, com espeleólogos, que habitam por longos períodos de tempo no interior de cavernas.

Visando facilitar a exposição do tema, tomemos inicialmente, para efeitos ilustrativos, a Fita de Moebius. Para aqueles que não a conhecem, trata-se de uma simples tira de papel, longa o suficiente para que se possa torcê-la de tal forma (aproximadamente 180°), que possibilite que suas extremidades sejam coladas. Após as suas extremidades terem sido coladas, a Fita deverá assemelhar-se ao símbolo do infinito, ou seja, o número oito deitado, mas, no entanto, tri dimensional.

A Fita de Moebius, possui uma característica peculiar. Escolha um ponto qualquer de partida e trace, com um lápis, uma linha sobre a sua superfície sem retirar o lápis da superfície inicialmente escolhida. Você perceberá então, que para chegar ao ponto inicial de partida, terá necessariamente que passar pelas duas superfícies, ou faces, da mencionada Fita.

Partindo da premissa que o leitor tenha confeccionado uma Fita de Moebius e, portanto tenha observado e comprovado o acima mencionado, iniciarei a abordagem da teoria sobre o passado, o presente e o futuro.

Quando escolhemos um ponto aleatório na Fita de Moebius, estamos teoricamente determinando, para efeito de compreensão da teoria, um ponto inicial que chamaremos de “Presente”, ou o “Agora”. A medida em que é iniciada a ação de deslocar o lápis sobre a Fita, deixasse uma linha sobre a superfície da Fita  (representando o passado) e o nosso “Agora”, deixa de ser aquele ponto inicial, deslocando-se para a ponta do lápis que permanecerá movendo-se ao longo da Fita por um período de tempo indeterminado.

Então, basicamente o chamado “Futuro”, seria o resultado lógico da infindável corrente de eventos que já se efetivaram e que em algum momento, foram as determinantes do “Agora”. O “Agora”, por sua vez, estará estabelecendo ininterruptamente e indefinidamente, inúmeras e incalculáveis expectativas e probabilidades, em conjunto com o acaso e o livre arbítrio, esses eventos ao se “cristalizarem” pertencem ao passado, porém  também determinam, por assim dizer, o que convencionamos chamar de “Futuro”.

Se assim não for, seremos obrigados a aceitar a teoria do destino, como norteadora de toda existência Universal. Ou seja, o chamado ”Futuro”, na concepção daqueles que admitem o destino, já estaria pronto, definitivo e imutável, esperando-nos placidamente. Em outras palavras, o fenômeno destino, retiraria, da concepção humana, o sentido das palavras, aprendizado, liberdade, arbítrio, desenvolvimento, dentre uma infinidade de outras. Seríamos então, do macro ao micro, meros fantoches, submetidos a uma “vontade superior”?. E em sendo assim, uma pergunta crucial não poderia deixar de ser formulada: - Quem ou o que determinaria o destino? Quem ou o que manobra os fatos e puxa as cordas das marionetes? Essa linha de raciocínio não me agrada e não atende às minhas dúvidas. 

Parece tudo muito complicado. Mas é exatamente aqui que cabe uma outra pergunta: – O que efetivamente determina, ou melhor, difere os chamados “Passado”, “Agora” e o “Futuro”?

Seria o segundo? O segundo, cientificamente, é o lapso de tempo durante o qual o átomo de césio efetua 9.192.631.770 oscilações. Essa ordem de grandeza, está muito além da nossa capacidade de compreensão. Por outro lado, pode representar, ainda que simbolicamente, a magnitude dos eventos, prováveis, possíveis e improváveis contidos nessa unidade temporal.

Na minha singela opinião, o ”Futuro” está sendo cristalizado sob a forma do eterno e consecutivo “Agora”! O “Agora” não pré existe, ele depende de toda uma cadeia de eventos, ações ou inações, para poder chegar a ser o “Agora” e em decorrência, tudo que se concretiza no “Agora”, tornar-se necessariamente parte do passado.

Imaginemos que somente aqueles eventos que se consumam, tornam-se imediatamente em passado. Aqueles que não chegam a se “cristalizar”, não existem e, por conseguinte, não serão gravados na espiral tempo-espaço."Lembre-se da linha deixada pelo lápis na fita de Moebius".

Logo, uma vez que somente os eventos que efetivamente venham a se “cristalizar”, seriam efetivamente “gravados” na espiral do tempo-espaço, portanto, não seria incorreto, ou temerário postular a completa impossibilidade de alterar-se o “Passado”. Tendo em vista que as demais probabilidades que eventualmente poderiam alterar o rumo dos fatos, por não terem se "cristalizado", simplesmente, não existem! Não chegaram a ser “gravados” na espiral tempo-espaço.

Particularmente, acredito, que num futuro distante, poderemos, algum dia, "Ler" o “Passado”, mas não seremos notados por seus protagonistas. Seremos, para eles, invisíveis, seremos meros expectadores, pois não fazemos parte daquele “momento” não estamos por assim dizer “gravados” na espiral tempo-espaço e, portanto, não existimos naquela eventual “região temporal”. Não nos sendo portanto, possível alterar o desenrolar dos fatos.

O “Futuro”, por igual razão, torna-se impossível de ser conhecido, previsto, desvendado ou mesmo “visitado”, como tanto desejam os amantes da ficção científica.

No meu entender, o “Futuro” não existe! O Futuro não passa de uma abstração teórica. Podemos quando muito, ponderar sobre as inúmeras probabilidades para o “Futuro”. No entanto a magnitude dos eventos, ações, inações, acasos, probabilidades, impedem o seu exato e real conhecimento, inviabilizando, portanto, qualquer tentativa de acesso ao que ainda não existe! Ou em outras palavras, como podemos imaginar ou conhecer alguma coisa que ainda não aconteceu ou que talvez nunca aconteça e que está necessariamente restrito a ocorrência ou não de inúmeras  infindáveis e desconhecidas probabilidades!

Atualmente, muitos cientistas, convictos das inúmeras probabilidades determinadoras  e implícitas para o Futuro, apontam para a teoria dos universos paralelos (Multiverso em oposição a concepção do Universo), onde, para cada teórica e eventual probabilidade, corresponderia a um determinado espaço-tempo, onde tudo seria replicado, porém, cada qual com suas próprias e distintas "realidades", ou seja, para cada universo paralelo, os "Presentes" poderiam ser de moderados a absolutamente distintos entre sí. Considerando-se que essa concepção (Multiverso) seja confiável e supondo-se ainda hipotéticamente, a concreta viabilidade da viagem pelo tempo (Passado ou Futuro) fica mais claramente evidenciada a impossibilidade de realizar-se qualquer alteração no Passado ou visita ao Futuro, pelo simples fato de não podermos determinar com absoluta certeza em qual dos Multiversos, dos incontáveis eventualmente existentes efetivamente estaremos, e qualquer tentativa de modificação dos fatos passados, poderia quando muito, eventualmente afetar a apenas alguns dos universos paralelos, mostrando-se absolutamente inócua para outros.    

Com certeza, alguns dos eventuais leitores dessa longa postagem, que tiveram a boa vontade e a paciência de ler e tentar acompanhar e compreender o presente texto, levantarão, como argumento contestatório, as famosas Centúrias de Miguel de Nostradamus.

No entanto, para desgosto dos defensores da “clarividência”, grande parte das quadras escritas por Miguel de Nostradamus, nunca puderam ser decifradas, talvez até, por não terem sido adequadamente compreendidas, por estarem propositalmente escritas em um francês arcaico e hermético. Porém, ao que tudo indica, e isso é um fato incontestável, muitas das quadras, talvez nunca venham a ter qualquer relação com os acontecimentos históricos.

Para piorar a situação, Miguel de Nostradamus, não classificou as Centúrias em ordem cronológica, e na maioria das vezes, torna-se impossível relacionar suas “profecias” com os acontecimentos históricos atuais.

Também não podemos deixar de mencionar, que a totalidade das pretensas “previsões”, só se tornaram inteligíveis, após o acontecimento dos fatos, quando estes fatos já se tornaram "passado" o que por si só, faz-nos crer que o que houve na realidade, foi uma “interpretação”, ou melhor dizendo, uma “acomodação” das pretensas “revelações” aos fatos históricos.

Era isso ai!
Pax, Harmonia et Sapientia

P.S. Esse texto foi originalmente escrito em 2007 e apenas os trechos em itálico foram acrescentados nessa data. O presente texto não pretende discutir ou contestar a Teoria da Relatividade. Trata-se apenas de uma divagação teórica e abstrata, desenvolvida por uma mente insignificante e que algumas vezes apresenta sinais de insanidade.