quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Uma breve História sobre o Long Playing - Vinil

Esta postagem é apenas um singelo resumo da história da indústria fonográfica até o advento do Long Playing. Trata-se de uma compilação de informações obtidas pela rede, que visam apenas ilustrar de forma sucinta, uma história por demais ampla e complexa. Não serão aqui abordadas questões referentes a composição química dos suportes materiais ou mesmo um aprofundado estudo sobre os processos de produção. Restringi o enfoque da matéria aos fatos mais relevantes.

Sou um fervoroso amante do LP de vinil (analógico) e tenho em meu acervo fonográfico, diversos exemplos da superioridade sonora do "antiquado" LP analógico, isso sem contar a limitação física da capa e do eventual encarte, imposta pelo CD, resultando, na maioria das vezes, na completa descaracterização, mutilação ou mesmo destruição da arte gráfica da capa, que em muitos casos, chegam a ser verdadeiras obras de arte.

É certo que muitos dos eventuais leitores poderão não compartilhar da minha opinião e alguns, talvez nunca tenham sequer visto ou escutado um vinil. No entanto, na maioria das vezes, prefiro escutar meu LP original de prensagem Japonesa, Inglesa, Alemã, Francesa, Italiana ou Brasileira, em meus velhos e queridos Technics, com cápsula Shure M44C (Cônica) ou M55E (Elíptica), à escutar um CD, mal remasterizado, mal mixado ou mal editado, principalmente quando estamos falando de LPs da década de 70.

A titulo de mera curiosidade, atualmente todos os CDs são DDD ou seja, todo o processo de gravação, mixagem, edição e masterização são Digitais. Quando no entanto, falamos de obras fonográficas originariamente gravadas em LPs, temos dois outros processos:

·    O ADD, nesse o processo de gravação no estúdio foi totalmente Analógico já os processo de mixagem, edição e masterização utilizou-se tecnologia Digital.
·    O AAD, nesse caso, tanto o processo de gravação em estúdio, como a mixagem e edição são Analógicas, somente utilizando-se a tecnologia Digital na masterização.

Particularmente não gosto do Compact Disc, em que pese a seu favor, a sua praticidade. A digitalização sonora não passa de um "grotesco fantasma" comparado ao som analógico do LP. O som é um conjunto de ondas que atravessam o espaço e é quase infinito na sua amplitude. A informação digitalizada em 0 (zeros) e 1(uns) (binária) não pode conter toda essa informação porque se o fizesse, cada CD levaria meia dúzia de minutos de música. Assim sendo, o que é feito é uma AMOSTRAGEM digital, isto é, selecionam uma amplitude determinada (no caso do CD, 44 ou 48 kHz) e é só isso que vai parar ao CD. Tudo o resto é cortado, literalmente jogado fora.

Lamentavelmente, a ganância da indústria fonográfica e eletrônica, vislumbrando a médio prazo, auferir elevados ganhos financeiros com o "avanço" tecnológico digital, investiu pesadamente no aniquilamento do LP, para mais tarde, com um custo de produção infinitamente mais baixo, relançar no mercado em formato de CD, algumas obras originariamente editadas em LP, a um preço muitas vezes proibitivo, incluindo ainda, para desgosto dos colecionadores, faixas extras (bonus track), não existententes nos originais em LP.

Mas uma coisa é certa. Para tudo existe um preço à pagar! A vingança pode tardar mas não falha! Por mera diversão, pergunto aos eventuais leitores: Quantos LPs de vinil foram pirateados no Brasil? Pessoalmente, posso até estar equivocado, mas só conheço um único caso ocorrido no Brasil e foi com o LP do Terreno Baldio. Os custos envolvidos na produção de um LP, são elevados e dependem de uma um aparato industrial complexo que não envolve apenas a produção física do suporte material (LP), existindo ainda os custos com a arte gráfica, capas, selos, envelopes etc.

Pois é... o que a indústria fonográfica não previu, foi com a rápida popularização da cópia digital e o seu  subsequente barateamento, hoje acessível e presente em quase todos os computadores domésticos. BEM FEITO! Agora não adianta "chorar" ou "reclamar", a pirataria existe, é um fato, alimentado e incentivado principalmente pelo baixo poder aquisitivo da população, aliado aos abusivos preços dos CDs e seus respectivos impostos.

Enfim, por muito tempo a pirataria ainda vai provocar muita "dor de cabeça", sem falar no explosivo crescimento da codificação de áudio, no caso, o MP3 que não tardará à sepultar também o CD, com o crescimento dos dispositivos reprodutores de MP3.

Bom, vamos ao que realmente interessa!


O Fonógrafo



O Fonógrafo é um antigo aparelho destinado a reproduzir sons gravados mecanicamente em cilindros metálicos, sob a forma de sulcos em espiral.

Inventado em 1877, o mencionado dispositivo teve inicialmente dupla paternidade. Aos 18 de Abril daquele ano, Charles Cros, na França, apresentou o "Paléophone", enquanto aos 18 de Agosto do mesmo ano, Thomas Alva Edison apresentava o "Fonógrafo". Por alguma razão que desconheço (estou pesquisando), a paternidade do invento coube ao americano Thomas Alva Edison (1847-1931).

O primeiro modelo era dotado de um cilindro rotativo coberto por uma folha de papel estanhado, na qual se apoiava uma agulha presa a um diafragma e um grande bocal (chifre) responsável pela captura das ondas sonoras.

Na medida que o cilindro era girado manualmente, as ondas sonoras faziam o diafragma vibrar e a agulha produzia os sulcos sobre a folha estanhada. Quando a gravação estava completa, a ponta era substituída por uma agulha e a máquina, desta vez, reproduzia as palavras quando o cilindro era girado mais uma vez.

Este tipo de gravação tinha uma duração muito limitada, cerca de um minuto, e só podia ser utilizado 3 ou 4 vezes, em 1886 Chichester Bell e Charles Tainer registaram o "Gramofone" em que a folha de estanho foi substituída por um cilindro de cera mineral, melhorando a qualidade sonora, e a duração dos cilindros. Mas o processo de duplicação para fins comerciais ainda era muito dispendioso inviabilizando sua produção em massa.


O Gramofone

Em 27 de novembro de 1887, o alemão, nascido em Hanover, Emil Berliner desenvolveu o um Fonógrafo capaz de reproduzir os sons por meio de discos, entrando em concorrência com o cilindro fonográfico de Thomas Edison.

A invenção de Emil era mais interessante, sob o ponto de vista industrial, porque tratava-se de um disco plano metálico coberto de cera, que permitia registrar o som em lugar do cilindro proposto por Edison. O disco plano permitia baratear o processo de fabricação, além de proporcionar a duplicação em massa.

No entanto, houve um tempo em que o alemão Emil Berliner, emigrado em 1870 para os Estados Unidos aos 19 anos, não conseguia patrocinador para sua invenção, e ganhava sua vida como vendedor de secos e molhados. Ninguém acreditava no futuro comercial daquela engenhoca dotada de uma enorme campânula, destinada a extrair sons de um objeto circular, feito de zinco, com 12 centímetros de diâmetro, que girava a 150 rotações por minuto e tocava durante 1 minuto apenas.

Em 1869, John Wesley Hyatt descobriu um elemento de capital importância para o desenvolvimento da indústria dos plásticos: a celulóide. Tratava-se de um material fabricado a partir da celulose natural, tratada com ácido nítrico e cânfora, substância cujos efeitos de plastificação foram muito utilizadas e fundamentais para Berliner, que em 1894, ofereceu os primeiros cinqüenta "pratos" dele ao público americano. Eram discos de celulóide com 7 polegadas de diâmetro com um furo no centro, custavam US$ 60¢ cada e tocavam durante aproximadamente dois minutos.

Se Berliner não tivesse convencido, em 1895, a Companhia Ferroviária da Pensilvânia a investir US$ 25 mil em seu projeto, não teria levado adiante as pesquisas que lhe permitiram registrar, em 26 de novembro de 1898, num cartório de Hanover, a firma batizada com o nome dado por ele a seu invento: a Deutsche Grammophon Gesellschaft mbH. Pouco depois criou a Britain's Gramophone Co. Ltd, para comercializar os seus dispositivos na Europa.

Inicialmente o Gramofone funcionava com rotação manual. Em 1896, o mecanismo sofre uma grande melhoria e um motor movido a corda (helicoidal), desenvolvido pelo norte-americano Eldridge Johnson em parceria com Berliner é amplamente comercializado. O sistema de corte passa de vertical para horizontal, ou seja, as ondulações são gravadas na lateral e não no fundo dos sulcos, como ocorre com os cilindros.
Com o formato de disco plano, são superadas as dificuldades do formato cilíndrico e os processos de produção passaram de semi-artesanais para industriais. A matriz de cera gravada passa por um processo de galvanoplastia onde através de eletrólise é confeccionado um primeiro molde em metal. A partir desse molde é confeccionado uma espécie de contramolde chamado madre (que pode ser tocada como o disco) onde são corrigidas as imperfeições. Na seqüência é feito um novo molde que funciona como estampa para a confecção do disco propriamente dito em prensas.

O gramofone de Berliner e o método de duplicação dos discos foram adquiridos pela Victor Talking Machine Company (RCA), daí o nome "victrola" como ficou popularmente conhecido o aparelho destinado a reproduzir os discos. Também foi vendida a marca registrada de Berliner, mais tarde adotada pela RCA, que consiste-se na famosa pintura de seu cachorro, chamado "Nipper", escutando a voz do seu mestre.

Na década de 10, os discos eram gravados apenas em uma de suas faces a uma rotação de 76 RPM, mais tarde(1925), padronizada em 78 RPM. Essa rotação permitia que cada disco comportasse em média 3 minutos de gravação, o que na maioria dos casos é preenchido com uma só música no tamanho padrão de 10 polegadas. A gravação dos dois lados, lançada pela primeira vez no comércio, pela Columbia em 1904, teve sua aplicação dificultada, não por razões tecnológicas, mas em razão de questões jurídicas, envolvendo a patente do invento, obtida pelo engenheiro suíço Adhemar Napoleon Petit, que judicialmente embargava sua produção.

Em 1925 ocorre a evolução mais significativa e de maior impacto tecnológico que foi o sistema elétrico de gravação. Isto não significa apenas um diferencial na manufatura da indústria do disco, mas a codificação da onda sonora em corrente elétrica. Ao contrário do que ocorria no sistema mecânico o som gerado é transformado em sinal de corrente eletromagnética e depois amplificado no momento da gravação e da reprodução, surgem equipamentos de captação e amplificação como o microfone e os alto-falantes e como não podia deixar de ser o toca disco elétrico.

Em 1927, Edison conseguiu a proeza de quebrar a barreira dos quatro minutos de gravação, usando um sulco fino e uma minúscula agulha de diamante para reproduzir mais de 22 minutos de cada lado dos grossos discos de 78 rpm. Victor em 1932-33, reduziu a velocidade para‚ 33 1/3 rpm, usando um sulco mais fino ainda e extremamente preciso, mas a grande depressão econômica e o exagerado peso do braços dos toca-discos, conspiraram para assegurar o seu fracasso.

Em 1934, A. D. Blumlein inventa o disco estéreo. O termo "hi fi" ou "high fidelity" começa a ser usado, mas somente tornando-se viável comercialmente em 1958, quando os discos estéreo estouraram no mercado. Em 10 anos os discos estéreo suplantaram os tradicionais mono.

Em junho de 1948 o Engenheiro da Columbia Peter Goldmark, desenvolve o microssulco (cavidades bem mais estreitas por onde a agulha o toca-discos percorre) que associado à já existente rotação de 33 1/3 RPM, permite que se grave de 15 a 20 minutos de cada lado contra os 4 minutos do sistema de 78 rpm. Importante frizar que a novidade não foi apresentada sozinha. Um novo toca-discos com uma plataforma giratória melhorada e com um braço ultra-leve provida de agulha fono-captora de safira acompanhou o seu lançamento, o que fez destes, os primeiros discos de longa duração eficientes e de qualidade. Nasce nesse momento o conhecido Long Playing ou como ficou popularmente conhecido o LP.

Em fevereiro de 1949, a RCA introduz o disco de 45 rpm. Trata-se de um disco de vinil com 7 polegadas de diâmetro, com um furo no meio, que gira a 45 rotações por minuto. O disco de 45 rpm foi concebido originalmente pela RCA Victor como uma tentativa de criar um substituto para todos os tipos de discos. Esse novo padrão, visava também substituir o 78 rpm, que constituído de laca, (também conhecido como Shellac Resinous Glaze, resina de origem animal, secretada pelo inseto Laccifer lacca, originário da Tailândia, que ao ser recolhida da madeira era denominada de "seedlac") era um produto mais caro, pesado e que se quebrava com facilidade. Em meados dos anos 50 eram produzidos na mesma escala dos 78 rpm.


Em 1958, foram fabricados pouquíssimos discos de 78 rpm - os últimos produzidos comercialmente foram lançados em 1960. Bem, a história não acaba aqui, diversas outras melhorias, ou tentativas de melhorias, foram implementadas, não apenas no que se refere ao material utilizado no suporte material (LP), como também, melhorias de ordem técnica de gravação que conferem ao saudoso LP sua eterna característica especial, quase "mágica". Quem nunca ouviu por exemplo, um LP do Black Sabbath, bem gravado, numa aparelhagem também de qualidade, certamente não sabe do que estou falando e nunca poderá avaliar a abissal diferença dos graves, médios e agudos entre o LP e o CD.

NOTA IMPORTANTE:
Essa matéria foi originalmente escrita em 2006, quando na época eu mantinha um site da minha empresa, infelizmente falida em 2008. Parte dos textos aqui contidos são transcrições de matérias publicadas na WEB, outras partes são compilações, no entanto, muitas das referências autorais se perderam de forma irremediável. Sendo assim, peço àqueles que não tiveram seus créditos autorais devidamente mencionados e publicados que me avisem para que eu possa corrigir esse meu lamentável erro.

CRÉDITOS:
EVALDO PICCINO: http://www.sonora.iar.unicamp.br/ler_artigo.php?id=48
PEDRO HOMERO: http://urbi.ubi.pt/000822/edicao/op_ph.html